quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Os Desafios do Wii U - Nintendo Blast


O novo aparelho da NintendoBoa sorte, Wii U.demonstrou que tem potencial e arrancou vários elogios, ao mesmo tempo que causou confusão e desconfiança. Até o seu lançamento, planejado para 2012, a Big N precisa traçar uma estratégia competitiva e prestar atenção em alguns pontos fundamentais se quiser que seu novo console continue o legado de sucesso do Wii.

Wii U, que é isso?

O primeiro e talvez mais importante desafio da Nintendo seja, vejam só, explicar ao público o que é o Wii U. A apresentação de 2011 na E3 pecou pela forma confusa como revelou o console ao mundo. Três detalhes, o nome, o controle e a ausência de destaque na “caixa” do console em si provocaram pensamentos diversos.
O resultado pode ser encontrado sem muito esforço pela internet: desinformação. É fácil encontrar muitos jogadores que acham que o Wii U trata-se na verdade de um mero acessório para o Wii, ou ainda que ele é na verdade um portátil, e por aí vai. Resultado de falta de atenção e busca por informações, é verdade, mas ainda assim culpa de uma divulgação incorreta. O nome, Wii com um U no final, e pouca ênfase na hora de explicar que é um aparelho de nova geração gerou confusão com o console de mesa atual da Nintendo. O grande destaque no controle tablet e a possibilidade de mostrar o jogo inteiramente em sua tela fez alguns consumidores acreditarem que ele seria “tudo”.
Por que ficar escondidinho?
Uma pesquisa recente da revista japonesa Famitsu com jogadores do país revelou uma divisão: entre os 1930 entrevistados, 740 gostaram do console novo, 650 não, e 540 não tinham certeza. Ao mesmo tempo, o presidente da empresa, Satoru Iwata, comentou como as reações de quem esteve na E3 e pôde testar o aparelho foram extremamente positivas, enquanto a desconfiança partiu de quem não conhece o console ainda. Comentários da imprensa e de desenvolvedores elogiando o Wii U dão suporte ao presidente. Mesmo com diversos jornalistas falando extremamente bem do peso e formato do controle, dizendo que ele é muito mais confortável do que parece, comentários negativos supondo que ele seria pesado e pouco ergonômico inevitavelmente surgiram, quase certamente de quem apenas viu fotos e tirou conclusões.
A situação, aparentemente, é a seguinte: a Nintendo está fazendo um belo trabalho no Wii U, mas ainda não conseguiu passar essa imagem para os consumidores finais, justamente quem comprará (ou não) o produto. Além disso, a apresentação não foi suficiente para realmente mostrar todas as ideias e conceitos novas proporcionadas pelo novo controle. Todos esses problemas normalmente não seriam preocupantes, visto que a E3 2011 foi apenas um “aperitivo” e a verdadeira demonstração do novo console será na próxima feira. A questão é que agora a empresa precisará tomar o cuidado para acabar de vez com os boatos e desinformação ao redor do aparelho. E mais importante que isso, precisará pensar em uma forma de explicar o videogame de maneira simples e eficiente, de modo que possa ser entendido e assimilado rapidamente. Criar produtos de entretenimento que passam uma imagem complexa e de difícil compreensão já mostrou-se um erro no passado.

Uma questão de preço

$170, yay!Se a Nintendo realmente aprendeu algo com o lançamento do 3DS, ela deve ter percebido que um preço de lançamento acessível é fundamental para o sucesso de um novo produto. Acontece que muita gente vem apostando que o controle tablet irá encarecer o console, e com razão, ou pelo menos era isso que a companhia vinha dando a entender. Depois do ocorrido com o portátil tridimensional, entretanto, deve estar claro que ela precisa baratear o preço, talvez com a mesma tática usada no 3DS, ter prejuízo nas vendas das unidades no começo, se o capital estiver disponível. Se for possível reduzir o preço e ainda ter lucro, melhor ainda, o que não dá é cobrar uma grande quantia e achar que “comprarão de qualquer jeito”.
Um ponto interessante é que por algum tempo a concorrência direta do Wii U será o PlayStation 3, o Xbox 360 e o próprio Wii, os quais, após anos no mercado, já estão, obviamente, bem baratos. E embora não possa se afirmar com certeza como estarão os mercados durante o lançamento, o período econômico mundial é conturbado e as pessoas tendem a economizar mais. Então, para atrair o público, o preço realmente precisa ser convidativo.

Diversão em massa

Ter um grande sucesso de vendas envolve atrair as massas, inclusive aquelas pessoas que não estão por dentro das novidades do mundo dos games. Responsável por grandíssima parte da febre de vendas do Wii e DS, são pessoas que dificilmente leem textos como esse, buscam vídeos e informações na internet, comentam em fóruns, etc.
Mostra pra eles como se joga, vovó!
Para fisgar essa audiência, dois pontos, o preço e a clareza, já foram discutidos. O Wii U necessita passar uma imagem clara e desejável, algo viral mesmo. Vejamos o exemplo do Wii em seu lançamento. Você via alguém jogando Wii Sports pela primeira vez e automaticamente captava a ideia e os atrativos do console, era algo simples de se entender e dava vontade de pelo menos testar. O Wii U pretende ser mais “complexo”, mas nem por isso deve abandonar essa imagem de fácil entendimento. Para isso, talvez o melhor mesmo seja criar o “Wii Sports do Wii U”, algum jogo que mostre para a audiência do que o videogame é capaz, e de preferência que venha no pacote com o aparelho.
Wii U será compatível com todos os acessórios de Wii.O Wii U também terá suporte a todos os acessórios e controles de seu antecessor, e pelo que foi mostrado até agora, eles não serão usados apenas para quem quiser jogar Wii no novo aparelho, como também nos seus jogos exclusivos. Uma ótima jogada da Nintendo, já que proporciona o apelo de economia (não vou jogar minhas coisas fora) e ainda aproveita alguns dos maiores sucessos dessa geração, como o wiimote e a Balance Board. O que não pode acontecer é a Nintendo deixar que isso torne-se uma armadilha, com muitas pessoas pensando que se é assim, vale mais apena ficar apenas com seu Wii. O Wii U precisa mostrar todos os seus diferenciais e provar que vale a pena investir nele mesmo tendo um Wii.

Cuidado com o hardware

Agora, algo mais que óbvio, mas que a Nintendo parece ter relaxado no 3DS: um console sem erros bobos, por favor. Um controle com bateria satisfatória, tela que não risque, bom tempo de resposta, ausência de falhas de sistema, segurança não são itens opcionais, e sim obrigações. O desgasA wild error appeared!te que esse tipo de falha causa no nome da marca é enorme. Mesmo anos depois de resolver o problema, o Xbox 360 ainda tem fama pelos 3RL, então nada dessas “surpresinhas”, ok?
No que diz respeito à potência do novo aparelho, aparentemente ele será melhor que os consoles atuais, o que também não é algo extraordinário, mas normal. O que temos são comentários esparsos que aparecem aqui e ali, mas a real capacidade do Wii U ainda não foi revelada, até porque o projeto ainda pode sofrer algumas mudanças, então quando a isso não há muito o que possa ser dito. O que se espera é que console seja poderoso o suficiente para aguentar as novas tecnologias que surgirão até o fim de sua vida. Algo muito difícil de acontecer, mas que não deixa de ser possível, é a Nintendo ouvir as reclamações e adotar uma tela multitouch e analógicos de controles tradicionais no tablet. Mas eu não apostaria nessa hipótese.
Há quem prefira o analógico tradicional.

Bem-vindo ao mundo online

Nem tão prático.Uma das maiores falhas da Nintendo nessa geração foi a parte online. A ausência de uma estrutura como a Live ou a PSN acaba deixando as funções bem mais descentralizadas, o que dificulta a aplicação desses recursos, como em partidas multiplayer. Os vários obstáculos e limites impostos pela Nintendo para os desenvolvedores das lojas WiiWare e DSiWare, juntamente com a organização precária da mesma prejudicou muitas empresas que criaram ótimos games mas não receberam o devido reconhecimento. O Virtual Console, uma ótima ideia, foi praticamente abandonado nos últimos tempos. Essa bagunça precisa ser arrumada para o lançamento do Wii U.
Alguma melhoria já pode ser notada no 3DS, mas a presença de Friend Codes no portátil revela que ainda há muito a ser feito. A própria Nintendo já admitiu não ter experiência na área. Então resta a pergunta: por que não pedir ajuda para quem sabe?
A resposta parece ter sido respondida com as recentes declarações da EA de que ela está acompanhando de perto o desenvolvimento da parte online do Wii U, e outras third parties soltaram alguns rumores elogiando o esforço da Nintendo, então vamos ver se dessa vez a empresa acerta.

Que venham os jogos

E continua chovendo.O final da vida do Wii está muito triste na questão de novos lançamentos, com apenas Rythym Heaven, Kirby e Zelda como lançamentos de peso. A relutância da Nintendo América em lançar os jogos da Operation Rainfall só piorou a situação, pois a relação com os fãs ficou arranhada. Em todo caso Todos os jogos dessa lista são, de alguma forma, da Nintendo. O que aconteceu com as third parties? A Nintendo precisa tomar cuidado para que o que já vem acontecendo há varias gerações não se repita: sua plataforma ser excluída da lista de consoles que recebem os lançamentos. Além disso, ela tem a missão de “ensinar” as outras empresas a desenvolver corretamente para o Wii U, a fim de aproveitar todo o potencial do novo controle e outros recursos.
Mas o que a indústria está achando do Wii U? Melhor ir direto a fonte e conferir a opinião de quem está dentro dela. Se depender das promessas, o Wii U terá um suporte incrível. Infelizmente, muitas vezes, é só isso que elas são, promessas.
“Todos sabem que detalhes de preço e data virão no futuro. Eu prevejo que mais consoles terão seus preços reduzidos antes do Natal desse ano e há ainda espaço para mais cortes em 2012. Por isso o Wii U precisa ser bem competitivo nesse aspecto – do mesmo jeito que a Sony está tendo que cobrar pelo Vita algo compatível com o que vemos nos smartphones e tablets. O preço é algo crítico em um mercado fragmentado de hardware. Então não acho que eles (Nintendo) poderão vir com um valor premium no lançamento.

A Nintendo é esperta. Sempre inovará. A empresa já demonstrou suas habilidades de superação no passado, então vejamos se eles podem fazer isso de novo. A indústria inteira deve torcer para isso.” - Rod Cousens, presidente da Codemasters
"Nós ainda não fizemos nenhum anúncio oficial sobre essa plataforma. E embora nós amamos o Wii, ele não era apto a receber um jogo que iria chegar ao Xbox 360, PS3. Apenas não foi possível. Então, daqui para frente, estamos trabalhando muito interessados no Wii U. Nós achamos que a melhor maneira de apoiar uma plataforma é fazer um jogo para ela e sabemos que atualmente não temos um jogo em desenvolvimento para o Wii U. Por exemplo, nós não desenvolvemos oficialmente para o Android, embora tenhamos demos que trabalham com o Android ... Oficialmente, apoiamos o iPhone, porque fizemos um jogo e sabemos que funciona.

É importante para mim, como um desenvolvedor de jogos que está vendendo uma engine, eu quero ter certeza que eu posso enviar um jogo eu mesmo pra ele, por isso é que temos claro apoio público ao PS3, Xbox 360, PC e iPhone, mas não tão claro quando se trata de Android ou Wii U. No evento de lançamento na E3, alguns dos produtos que você viu em execução no Wii U foram baseados na Unreal Engine. Então, esse tipo de fato dá uma ideia de onde estamos. Ele abre algumas portas que não foram abertas antes da geração de consoles atual, ele (Wii U) está caminhando para ser um console poderoso" - Mark Capps, presidente da Epic Games
"Se vamos ou não desenvolver um título de Resident Evil para Wii U, eu não sei ainda. Mas pessoalmente, eu adoraria isso. É um hardware muito interessante. Sempre que vejo novos consoles e suas possibilidades, as ideias começam a fluir em minha cabeça. Eu adoraria fazer um Resident Evil no Wii U." - Masachika Kawata, produtor de Resident Evil: Operation Raccoon City
"Quando vi o Wii U, meus primeiros pensamentos foram: “Wow, eu poderia fazer isso ou aquilo, ou o que aconteceria se eu tentar fazer um jogo como X, Y ou Z. " Minha motivação subiu instantaneamente, quero tentar um monte de coisas novas e interessantes. Nada foi decidido especificamente para o Resident Evil, mas certamente seria muito interessante." - Kenji Matsuura, designer de Resident Evil: Operation Raccoon City
"Eu realmente não tive a oportunidade de me sentar com [John] Carmack e conversar sobre isso, porque é a opinião dele que importa. Pelo que a Nintendo está dizendo, [o Wii U] parece interessante, mas ainda estamos esperando pra ver como a id Tech 5 [engine da id Software] iria rodar nele, é um direito do público desenvolvermos jogos para essa plataforma." - Todd Hollenshead, presidente da id Software
"O apoio ao Nintendo Wii U definitivamente vai acontecer” - Cevat Yerli, CEO da Crytek
“Tenho algumas ideias sobre como o Wii U irá beneficiar a série FIFA. É uma oportunidade muito animadora em termos de hardware, o aparelho é bem legal. Estou ansioso para me envolver mais com ele. Manterei minhas ideias em segredo porque não faria sentido dizer um monte de coisas sobre algo que não existe ainda. Não quero indicar aos outros o que nós podemos estar preparando.” - David Rutter, produtor de FIFA (tradução do Wiiclube)
“É um sistema interessante. O desafio e as oportunidades desse tipo de aparelho estão no fato de você precisar descobrir quais maneiras incríveis de jogabilidade podem existir – mas ele também é flexível o bastante para fazer coisas nunca antes vistas nos games. É muito animador, mas eu preciso pensar com mais calma e ter mais tempo com o hardware em mãos.” - Casey Hudson, produtor executivo de Mass Effect (tradução do Wiiclube)

O Wii U tem tudo para ser o próximo grande sucesso da indústria de games e, através de um produto de qualidade e ideias criativas, inovadoras e divertidas, dominar a próxima geração de consoles. O Wii U tem tudo para ser um grande fracasso, caso os mesmos erros do passado se repitam e ele torne-se uma máquina sem apelo junto aos jogadores e desenvolvedoras. 2012 é logo ali, façam as suas apostas.
E o futuro?

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